Péricles de Andrade Maranhão, o famoso criador de "O Amigo da
Onça", suicidou-se no último dia do ano de 1.961. Escreveu cartas
justificando o seu gesto, fechou todo o apartamento e asfixiou-se com gás
de cozinha. Mesmo assim, não resistiu ao seu espírito de humor. Colocou
na porta de entrada um aviso escrito á mão :"Não risquem
fósforos". Originário de Recife, Péricles começou a desenhar na revista do
Colégio Marista, onde estudava. Em 1.942, no peito e na coragem, um rolo
de desenhos e uma carta de apresentação do seu amigo e jornalista Aníbal
Fernandes (do Diário de Pernambuco), Péricles chegou ao Rio de
Janeiro.
Apresentou-se a Leão Gondim de Oliveira, diretor da revista O
Cruzeiro e tornou-se um dos colaboradores mais moços daquela
publicação. Começou trabalhando em quadrinhos, um típico personagem
carioca, chamado Oliveira, o Trapalhão. Oliveira era um português
bigodudo, que tinha como companheiro de trapalhadas um negro, com jeito e
camisa listrada de malandro, Laurindo. Publicadas inicialmente pelo
Diário da Noite, as histórias de Oliveira chegaram também O Guri, revista
infanto-juvenil, editada por O Cruzeiro.
Em 1.943, já com um estilo bem
desenvolvido, Péricles resolveu criar um personagem humoristíco fixo para
O Cruzeiro, cuja circulação semanal já era muito boa. A idéia partiu de
uma anedota comum na época. Dois caçadores conversavam num acampamento
na floresta. - O que você faria se uma onça aparecesse na sua frente? ´-
Ora, dava um tiro nela.- Mas, se você não tivesse nenhuma arma de fogo ? -
Bem,então eu matava ela com meu facão.- E, se você estivesse sem facão? -
Apanhava um pedaço de pau. - E se não tivesse nenhum pedaço de pau? -
Subiria na árvore mais próxima. - E se não tivesse nenhuma árvore ? - Sairia correndo. -E se você estivesse paralisado pelo medo? Então, o outro, já irritado, retruca: -Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça?
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