Ninguém se surpreende ao ver o Bidu de Maurício de Souza dialogando com 
uma pedra ou o Bicho da maçã de Ziraldo comentando o formato de suas 
tiras. Trata-se de uma forma de metalinguagem, um recurso no qual o 
personagem se reconhece como tal.O que ninguém espera é ver 
metalinguagem nas histórias em quadrinhos de super-heróis. Mas é 
exatamente isso o que temos encontrado nas aventuras de Buddy Baker, o 
Homem-Animal,escrita por Grant Morrison.
Assim como a maioria dos 
roteiristas contratados pela industria de HQs dos Estados 
Unidos, Morrison tem uma visão muito particular e inusitada dos 
super-heróis.Visão que contrasta em gênero,número e grau com a de seus 
colegas americanos de "Asilo Arkham (graphic album que narra a história 
do manicômio judiciário para onde são enviados os criminosos insanos de 
Gotham City)".
Morrison , um dia decidiu ressuscitar um obscuro personagem
 criado na década de 60.Um herói capaz de assimilar e utilizar as 
qualidades de qualquer animal e cujo nome não poderia ser outro que não 
Homem-Animal. Munido da liberdade que os editores conferem áqueles que 
abraçavam causas perdidas, Grant Morrison virou o personagem de cabeça 
para baixo.De cara,transformou-o no primeiro vegetariano em 50 anos do 
gênero super-herói, envolvendo numa polêmica atuação em favor dos 
direitos dos animais e contra o uso deles em laboratórios de pesquisas.O
 roteirista pôs o herói salvando golfinhos e até mesmo engajado em ações
 de eco-terrorismo.

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