Principalmente é necessário que a história em quadrinhos seja entendida
como um produto típico da cultura de massas, ou especificamente da
cultura jornalística. A necessidade de participação e envolvimento
catártico motivada pela alienação do individuo, a metamorfose da
informação em mercadoria, o avanço da ciência, a nova consciência da
realidade, enfim as coordenadas características do estabelecimento da
sociedade de consumo criaram as condições para o aparecimento e sucesso
do jornal, cinema e história em quadrinhos.
O teatro, a pintura foram
meios transformados e adaptados a nova situação, enquanto que história em
quadrinhos, como o cinema, podem ser classificados como novos veículos e
novas formas . Seja numa função alegremente digestiva ou seriamente
crítica, constituiram -se numa articulação imagística original e
própria. Por isso podemos afirmar sua tipicidade. A aproximação entre
cinema e os quadrinhos é inevitável, pois os dois surgiram da preocupação
de representar e dar sensação de movimento.
Os quadrinhos, como o próprio
nome indica, são um conjunto e uma sequência. O que faz do bloco de
imagens, uma série é o fato de que cada quadro ganha sentido depois de
visto o anterior, a ação, contínua estabelece a ligação entre as
diferentes figuras. Existem cortes de tempo e espaço, mas estão ligados a
uma rede de ações lógicas e coerentes. Quando feito para o jornal , a
historieta obedecia ao esquema do romance de folhetim (aliás.ela nasceu
de ilustrações para os romances), criando uma expectativa para o
desenrolar da narrativa.
A aparição desse conjunto estruturado de imagens
significou uma revolução no tratamento das representações
analógicas. Não era mais a fixação pictórica de um instante, agora se
observava uma narração figurada onde o desenvolvimento das ações dos
personagens, do começo e do fim de um fenômeno qualquer, podia ser
apreendido, visto ou revivido.
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