Uma característica vital foi acrescentada a representação das imagens: o 
tempo passava a ser um elemento de organização da série. No entanto, 
fazia-se necessário que o leitor completasse o "vazio" entre um e outro 
quadrinho. Um herói vai abrir uma porta, sua mão dirige-se para a 
maçaneta. No quadro seguinte, está correndo pelas ruas. Foi preciso que o 
leitor preenchesse com sua imaginação a falta dos seguintes movimentos -
 o personagem abre a porta, sai, a porta bate, ele começa a correr - para 
que houvesse uma coerência entre os dois quadros. Alguns autores 
argumentam que essa operação perceptiva não é relevante, só é permitida 
porque as ações não descritas são altamente prováveis e portanto não 
implicam participação maior do espectador na construção da cena, e nem 
numa concepção espacial nova da linguagem.
Pensamos que a grande 
probabilidade do desfecho da ação não seja uma característica da 
linguagem das histórias em quadrinhos, mas sim de sua mercantilização, da
 mesma maneira que o "happy End" também não o é no cinema. A sequência de
 quadros não é obrigatoriamente provável, como demonstra o desenho LUNA 
TOON. Cada quadrinho tem quando isolado, um grau menor inteligibilidade e 
maior quando em conjunto. O grau maior é conferido pela continuidade de 
tempo, espaço e movimento na maneira descrita anteriormente.
Contudo a 
articulação dos quadros pode não ser feita exclusivamente através da 
unidade de ação. O tratamento da página (principalmente quando a história
 é publicada em revistas), como um todo formal, como um painel, onde o 
elemento básico é o quadrinho, quando com diferentes espaços, manchas, claros-escuros, símbolos, independentemente do tempo narrativo, é uma 
tentativa de acréscimo das conquistas pictóricas as historietas.
Não fica
 difícil portanto, chegar á conclusão de que as histórias em quadrinhos 
são uma forma de representação diversa da ilustração, da caricatura e do
 cartoon. A simples constatação do seu carater de série organizada 
através de um uso conceitual do tempo não só é suficiente, como também 
coloca-nos em presença de uma estrutura figurativa original.




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