quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Relembrando................ Os Quadrinhos Parte .... II ... de ...III

Uma característica vital foi acrescentada a representação das imagens: o tempo passava a ser um elemento de organização da série. No entanto, fazia-se necessário que o leitor completasse o "vazio" entre um e outro quadrinho. Um herói vai abrir uma porta, sua mão dirige-se para a maçaneta. No quadro seguinte, está correndo pelas ruas. Foi preciso que o leitor preenchesse com sua imaginação a falta dos seguintes movimentos - o personagem abre a porta, sai, a porta bate, ele começa a correr - para que houvesse uma coerência entre os dois quadros. Alguns autores argumentam que essa operação perceptiva não é relevante, só é permitida porque as ações não descritas são altamente prováveis e portanto não implicam participação maior do espectador na construção da cena, e nem numa concepção espacial nova da linguagem.



Pensamos que a grande probabilidade do desfecho da ação não seja uma característica da linguagem das histórias em quadrinhos, mas sim de sua mercantilização, da mesma maneira que o "happy End" também não o é no cinema. A sequência de quadros não é obrigatoriamente provável, como demonstra o desenho LUNA TOON. Cada quadrinho tem quando isolado, um grau menor inteligibilidade e maior quando em conjunto. O grau maior é conferido pela continuidade de tempo, espaço e movimento na maneira descrita anteriormente.



Contudo a articulação dos quadros pode não ser feita exclusivamente através da unidade de ação. O tratamento da página (principalmente quando a história é publicada em revistas), como um todo formal, como um painel, onde o elemento básico é o quadrinho, quando com diferentes espaços, manchas, claros-escuros, símbolos, independentemente do tempo narrativo, é uma tentativa de acréscimo das conquistas pictóricas as historietas.



Não fica difícil portanto, chegar á conclusão de que as histórias em quadrinhos são uma forma de representação diversa da ilustração, da caricatura e do cartoon. A simples constatação do seu carater de série organizada através de um uso conceitual do tempo não só é suficiente, como também coloca-nos em presença de uma estrutura figurativa original.

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