KEN PARKER - O INÍCIO . Era o dia 29 de dezembro de 1.868, quando Ken
Parker, um caçador de peles, barbudo e mal vestido, viu seu jovem irmão ser
barbaramente assassinado por ladrões. Esse golpe traiçoeiro que ceifou a
vida de seu irmão deu início a saga de Ken Parker; uma inacreditável
odisseia que conduziu o herói por todo o oeste e para o México, para o
Canadá, para o Alasca e para o leste. Uma odisseia possível somente nos
caminhos livres e fantasiosos da ficção. E Berardi encheu essas longas
jornadas de Ken Parker de incríveis façanhas e personagens.
Ele procurou
impor temas verossímeis para suas histórias e elaborar personagens
vivas, para que pudessem ter uma movimentação natural dentro delas. Os
ingredientes clássicos do gênero não foram esquecidos, Berardi
renovou-os com grande originalidade. Ele buscou na própria realidade
histórica e na mitologia do oeste a sua fonte de inspiração. Sua obra
soube contar, como poucas, a história de um povo e de uma região.
Realismo, fantasia, humor, poesia, tragédia - tudo se misturava nas
narrativas de Berardi. Se os roteiros de Ken Parker buscavam a
originalidade, os desenhos também deveriam fazer o mesmo. E Ivo Milazzo
provou ser capaz disso.
Não podemos chamar seus desenhos de belos, de
detalhados, de limpos, eles estão muitos longe do estilo clássico de um
Foster ou Raymond. Mas podemos chama-los de expressivos e perfeitos para
visualizar o proposto por Berardi em seus roteiros. Desenhista e
roteirista se ajustaram de maneira primorosa para contar as histórias de
Ken Parker. Foi uma obra dialética, abordante de preconceitos sociais e
raciais, questionadora da própria realidade histórica, demolidora de
falsos mitos , não há dúvida de que a série se sobressaiu entre a moderna
HQ Italiana, mais por esses aspectos intrínsecos aos seus roteiros do
que propriamente pelo seu aspecto visual.
Ken Parker não é uma obra
isenta de falhas, mas é inegavelmente uma obra de muitos valores. Sempre
foi apresentado num ritmo rápido, jamais cansando o leitor, conjugando-se
de maneira sábia as simples cavalgadas e tiroteios com os
questionamentos mais intelectuais. E são as próprias personagens que se
questionam, com respeito a si próprias e a tudo que as cerca.
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