No finalzinho de 1.910, o escritor Afonso Henrique de lima Barreto, então
com 29 anos, andava cheio de idéias na cabeça e sem um tostão no bolso.
Na falta de dinheiro para pagar as dívidas que se acumulavam , seguiu o
conselho de um amigo jornalista : criar um romance, para ser publicado em
forma de folhetim. O clássico "Triste fim de Policarpo Quaresma "foi
escrito pela mais estrita necessidade, a toque de caixa, entre janeiro e
março de o dia, e no dia 11 de agosto do mesmo ano, começou a ser
publicado na edição vespertina do "Jornal do Comércio".
Assim , até o dia
19 de outubro, quando saiu o último capítulo, o leitor de jornal carioca
pode acompanhar diariamente a história de Policarpo Quaresma, um homem
ridicularizado por seu patriotismo exacerbado e ingênuo, que queria fazer
do tupi-guarani, a língua oficial do país. A obra editada em
livro, quatro anos depois, não chegou a despertar muito interesse na
época.
Lima Barreto, hoje considerado um dos maiores nomes do
pré-modernismo brasileiro- senão o maior- só seria resgatado para a
história da literatura nacional décadas após sua morte, ocorrida em
primeiro de Novembro de 1.922, aos 41 anos. Em 1.935, Jorge Amado já
reclamava do esquecimento de Lima Barreto. É como se não tivesse
existido! Ninguém fala nele. "O Autor baiano tinha uma explicação para a
falta de memória : "o colega de letras seria considerado perigoso, pois a
descrevia a miséria da vida dos pobres no Brasil". A pouca importância
que se deu durante tantos anos aos livros de Lima Barreto já atormentava
a vida do escritor. Seu primeiro romance, "Recordações do escrivão
Isaias Caminha " de 1.909, não teve qualquer repercussão.
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